Os Animais Pretos
Conto da Finlândia

Era uma vez, numa fazenda, uma vaca preta, um pouco preto, um cachorro preto, um gato preto e um galo preto.

Certo dia, próximo do casamento da filha do fazendeiro, o pai da moça falou à esposa.

- Qual dos dois mataremos para a festa: a vaca ou o porco?

- A vaca, setenciou a mulher.

O gato, que se espichava ao sol, na soleira da porta, ouviu e foi contar à vaca:

- Sabes, vão matar-te para o casamento da moça. Ouvi agorinha mesmo a combinação.

A vaca arregalou ou olhos, a tremer de medo e, à noite, fugiu. Andou, pelo pasto, atravessou o pasto, andou, andou, entrou na floresta, e encontrou uma casinha. Mugiu:

- Muuuuu!

A porta se abriu, apareceu o dono e ela pediu abrigo.

- Se não tiveres medo, porque aqui, todas as semanas, aparece um fantasma, podes ficar no quarto dos fundos.

A vaca pouco ligou para o fantasma, agradeceu e ficou.

No dia seguinte, o fazendeiro conversava com a esposa:

- E agora? A vaca desapareceu!

- Mata o porco, respondeu ela.

O gato, na sala, escutou e correu a avisar o porco. E o porco, ao anoitecer, fugiu, atravessou o pasto, entrou no bosque e encontrou a casa onde se abrigara a vaca. Grunhiu:

- Coin, coin, coin!

A porta se abriu, apareceu o homem e ele pediu abrigo.

- Se não tiveres medo, porque aqui, todas as semanas, aparece um fantasma, podes ficar no quarto dos fundos.

O porco não ligou para o fantasma, agradeceu e ficou.

No dia seguinte ao da fuga do porco, o fazendeiro disse à mulher:

- E agora?

- Mata o galo, homem!

O gato escutou e foi avisar o galo. E o galo, assustadíssimo, passou o dia inteiro triste, sem cantar uma única vez e, à noite, fugiu. Atravessou o pasto, entrou no bosque, encontrou a casinha. À porta, cantou:

- Cocorocó!

A porta se abriu, apareceu o dono da casa e o galo pediu abrigo.

- Se não tiveres medo, porque aqui, todas as semanas, aparece um fantasma, podes ficar no quarto dos fundos.

Fugidos os três, a vaca, o porco e o galo, que se havia de matar para o casamento da filha do fazendeiro?

O gato e o cachorro, desconfiados que neles deitariam mãos, combinaram e, à noite, juntos, fugiram. Fugiram e chegaram, como os demais, à casinha do bosque. O cachorro latiu:

- Au, au, au!

O gato miou:

- Miau, miau, miau!

A porta se abriu, o homem apareceu e eles pediram abrigo e lá encontraram a vaca, o porco e o galo.

- Se quiserdes ficar morando aqui, disse o homem, terei muito gosto, mas, em troca, tereis que afugentar o fantasma.

Os cinco, alegres, concordaram.

- Hoje é dia do fantasma aparecer, falou o dono da casa. Vamos ver se conseguireis expulsá-lo.

À noite, a vaca ficou perto da porta de entrada e os outros se esconderam por ali. Quando o fantasma chegou e abriu a porta, a vaca avançou e chifrou-o com toda a sua força, que não era pouca. Os outros, diante disto, caíram em cima do fantasma às bicadas, às mordidas, às unhadas, às focinhadas. E, como eram pretos, não eram vistos na escuridão da noite. O fantasma, de tamanho susto e de tamanha sova, fugiu e nunca mais voltou.

E assim felizes, lá ficaram os cinco amigos vivendo sossegadamente.

Até.