domingo, maio 15, 2011

Diferenciados...

Desde que nasci, há pouco mais de trinta anos, moro na região Oeste/Noroeste (Ou conforme a divisão exposta pela vontade governo.) de São Paulo, apesar da maternidade em que nasci estar na região da avenida Paulista. Como todo morador dessa região sei me virar bem quanto aos deslocamentos que faço pela cidade. Sei, por exemplo que não posso trafegar pela Cerro Corá entre as 17h e 20h30; que vou ter uma úlcera se tentar sair pela Edgar Faccó, às 7h40; que posso confiar nos ônibus quando entra no corredor da Matarazzo, mas que tenho que ser paciênte se estou no coletivo próximo do horário de saía ou entrada das faculdades e escolas, estejam em Perdizes, Barra Funda, Lapa, Leopoldina, Pirituba ou onde for (estas últimas brotando como cogumelos na madeira podre)! Como morador da Região Oeste, sei que não posso utilizar o sistema de trens e metrô no horário de pico (exceto se absolutamente necessário), por isso prefiro o ônibus, mas infelizmente voltei ao carro após a mudança do escritório, de Higienópolis para Alphaville (cujo a melhor opção de deslocamento é um Tour de 2h30 na ida e na volta, totalizando 5h por todas as cidades do setor Oeste da Região Metropolitana).


Visualizar Linha 439 - Mercado de Pirituba - Alphaville em um mapa maior
Linha 439 - Mercado de Pirituba - Alphaville. Tour (sem guia habilitado pelo Ministério do Turismo.) por São Paulo, Osasco e Barueri.

Esta semana muito se falou sobre um evento criado no Facebook, o "Churrascão da Gente Diferenciada", que virou um hit nos comentários de jornalistas e populares, obrigando o presitente do Metropolitano e o Governador de São Paulo se manifestarem sobre os planos da Linha 6 - Laranja.


Visualizar Linha 6 - Laranja (Aproximado) em um mapa maior
Traçado aproximado da Linha 6 - Laranja, com cerca de 14km de extensão, sem data pra início de obras, sem data para inauguração, sem estações e traçado confirmado.


Desde que soube do "Evento" tratei de adicioná-lo, primeiro como "Tavez compareça", para acompanhar as manifestações, discussões, brincadeiras e notícias postadas no mural, depois confirmei minha presença, pois minha agenda estaria "livre" para o horário. No mural muita coisa rolou (Quem tiver disposição e tempo pode ler tudo!), desde manifestações contra e favor do Metrô, de um transporte público de qualidade, até oportunistas, opiniões xenofóbicas, político-partidária, religiosas, etc... Como tudo o que cai na rede nos últimos meses, a página atingiu uma viralidade muito rápido o que fez com que mais de 55 mil pessoas confirmassem presença. Anotei, salvei o link, copiei, comentei e repliquei/compartilhei muita coisa que foi postada no mural do evento e me senti feliz por saber que muita gente (inclusive de outras cidades) não eram egoístas, acho válida esta linha de manifestação... bem característica do século XXI!


Meu plano

Cheguei ao Shopping Pátio Higienópolis pelo estacionamento da Veiga Filho (Cogitei, por um instante, colocar meu carro no E-Fácil da estação Marechal Deodoro, contudo sabia que meu cartão não tinha crédito e deveria pré-carregá-lo para passar na catraca do estacionamento. PROBLEMA: Os cartões do E-Fácil são carregados no estacionamento, postos do Bilhete Único ou da SPTrans, com dinheiro, não é possível utilizar o próprio Bilhete Único como fonte pagadora do estacionamento, então optei pela facilidade do Sem-Parar no shopping.), com isso evitei o trânsito do início da manifestação e economizei alguns minutos para que pudesse almoçar.

Chegada do grupo vindo da Praça Vilaboim.

Quando desci para a frente do shopping, a multidão que se formava era de jornalistas (uns 50) e ciclistas (uns 30), posicionados na calçada e numa faixa da avenida Higienópolis, e os populares/frequentadores do shopping/bairro, que se posicionavam na porta e escadas de acesso. A Polícia Militar "estacionava" uma viatura pouco antes dos manifestantes, fechando duas faixas de tráfego, e a CET se posicionava após o shopping (pra quê?), com dois agentes. O afunilamento causado pelo furgão da polícia começou a causar trânsito para quem acessava a avenida e deixou folga para os manifestantes poderem se concentrar e começar o protesto com palavras de ordem de um dos ciclistas.

Fui para as escadas, para observar melhor e ouvir os comentários dos moradores do bairro sobre o que estava acontecendo, percebi que muitos jornalistas também o fizeram, então me aproximei de uma senhora que expressava a opinião para um cara de mochila (Leiam!), ela dizia que apoia a cronstrução do metrô, citou alguns lugares do mundo e disse que morava no Pacaembu, que poderia trocar o taxi por metrô para vir ao shopping, que é rápido e barato. Além dela, muitas outras senhoras, senhores e moradores do bairro expressaram sua manifestação de apoio ao metrô.

Polícia Militar fechando a Av Higienópolis.
Demorou pra organizar.
 


Ouvi dois senhores esbravejando quanto a forma como a manifestação foi feita, pois estavam privando os outros do "direito de ir e vir", contudo a maior parte do trânsito até aquele momento era causado pelos próprios frequentadores do shopping com a ajuda da CET e Polícia Militar.

Por volta das 14h30, um grupo muito grande chegou na frente do shopping vindo da praça Vilaboim, o que obrigou a CET e a Polícia fechar a avenida Higienópolis, na sequência, alguns seguranças que estavam auxiliando o trânsito na frente forma para dentro, provavelmente para organizar o trânsito na Veiga Filho e a saída dos frequentadores que estavam de carro, já que a única saída do estacionamento fica na Higienópolis.

O pessoal do Movimento Passe-Livre queimou uma catraca, o Sindicato dos Metroviários ergueu sua faixa, o pessoal do CQC causou a bagunça de sempre, do tempo que estive lá os únicos que tentaram tirar proveito da situação foram estes, e a única confusão que houve foi a briga dos cachorros das senhoras que assistiam o pessoal se manifestando.

Cachorros, perturbadores da ordem!

Para um sábado de tempos que tudo é discriminação, onde tudo gera uma reação agressiva, me orgulhei de ser paulista (Olha que há muito tempo não sentida isso.), pela civilidade, o espaço para todos opinarem e a democracia no espaço e pelo respeito de todos com as opiniões contrárias e com as pessoas. Ouvi senhoras explicando aos filhos o motivo e porque o local escolhido, gente que nunca havia vivenciado manifestações e que costumam se "blindar em redomas" para não esbarrar com o que não gosta ou o que não quer ver, como a senhora dizia ao jornalista.

Parabéns aos que foram ou não, se mobilizaram, e que agiram civilizadamente (Leiam!) para que fosse da forma que foi. Prevaleceu o bom-senso, a razão, a democracia e a duscussão de uma cidade para todos, justa...

Especialmente para o átomo que desencadeou toda esta reação em cadeia!

Até.
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Um comentário:

Unknown disse...

Excelente narrativa, Frederico! Eu também me senti orgulhoso naquele momento e obrigado pelo link ao meu blog.