sábado, novembro 22, 2003

Sobre o silêncio...
(Um monte de "Nãos" e de conjugações do verbo SABER)


Pê,

Sempre fui péssimo em dizer algumas coisas, principalmente no momento em que ocorrem... Na realidade, enquanto estávamos no carro, milhares de coisas passaram em minha mente: coisas contrapondo coisas suas, coisas contrapondo coisas minhas, coisas...

Infelizmente (ou felizmente) preferi não dizê-las...

Logicamente não queria isso! Logicamente quero ficar contigo... mas não sou idiota para tentar forçar você a fazer coisas que não quer... Sinto, somente, e, apesar de dizer que "não sou eu", tomo a culpa como minha... não sabendo o que fazer ou a quem recorrer para achar a solução... No entanto penso em cinco ou seis pontos no qual fui falho, e dói... principalmente em lembrar que sempre fui a favor do diálogo... principalmente em lembrar que, apesar de pensar por diversas vezes em dizer o que achava que estava errado, nunca o disse por pensar que era algo menor, que passaria...

Só sei que o primeiro gosto que vem a minha boca é o trident de menta, que o primeiro cheiro é sempre de um perfume adocicado, que o sorriso é bonito, a pele macia, os olhos brilhantes... que o primeiro prédio é e sempre será o Ed. Pedra Azul e que todo final de noite me lembra Frans Café... Lugares e coisas que, provavelmente, não verei tão cedo...

Deve ser o período pelo qual estou passando, há alguns anos não diria isso, não seria tão meloso... hoje, ao contrário, junto às lágrimas só me vem isso... e cenas de família...

Os meus planos seguiam por outro caminho... Talvez (E a cada minuto que passa tenho esta convicção) a felicidade seja algo muito utópico, talvez minha família seja destinada a aparências, talvez tenhamos, em um passado não muito distante, recebido alguma maldição... mas não sei porque falo isso agora... Lembro somente que toda noite, quando estava indo ao seu encontro, no carro, pensava: "Alguém nesta família tem que ter sorte... Alguém tem que ser feliz..." ... vejo que este não deve ser eu...

No sábado minha prima fez uma reunião familiar (Não fui pois queria ficar contigo.), ela fez uma "comemoração", num barzinho, celebrando sua união com o namorado, eles foram morar juntos... Creio que ela, e minha outra prima que também namora há um tempão, sejam as destinadas a esta sorte em ser feliz...



Não quero ser lembrado pelas estrelas, pois estas estão muito distantes...
Também não quero ser lembrado por meus pés feios, pois estes estão muito próximos à terra, se sujam facilmente com a poeira e tropeçam em qualquer pedra...
Quero ser lembrado somente por alguém que buscou a felicidade... ao seu lado.




Não sei se vou continuar o mesmo... como disse a você "não posso prometer nada que eu não sei...", também não sei se encontrarei mais alguém, nem sinto vontade em procurar... Aliás, discordo em determinados pontos... ainda me sinto obrigado a pensar em você (E o farei por muito tempo.): "Quem irá te fazer feliz? Se existirá alguém que te faça sorrir, ou contorcer por causa de uma mão gelada?" e em mim...

Há muito pensava que tinha perdido meus sentimentos, que as únicas coisas que persistiam em mim eram o desprezo, a apatia, a indiferença... mas, como disse aos meus amigos hoje: "Até no granito pode crescer grama"... Obrigado... infelizmente, obrigado...

Queria que soubesse que sempre vou pensar em você... que apesar de não concordar com algumas coisas, respeito, que não consigo ficar bravo contigo, que você ainda é a melhor coisa que me aconteceu neste ano, que toda a terça e quinta a noite ou na sexta ao meio dia esperarei um telefonema e que, se ele custar a chegar, passarei o indicador no "Talk" por impulso... e ficarei triste...

Não sei sobre o amor (acho que ninguém sabe!)... Mas quero que saiba que tomarei o período que estivemos juntos como sendo o mais próximo (ou a base) do que acredito que ele deva ser... Não quero que chore, pois já chorei muito hoje (coisa que acreditava que não conseguiria fazer nunca mais) e saber que você chorou ou está triste só fará eu continuar a chorar... E não quero buscar por objetos pontiagudos, perfurocortantes...

Sei que estou sozinho em casa, agora, escrevendo isso, e que está silêncio pela primeira vez na rua (nesse horário), que toca "By you Side" no Winamp e o telefone toca insistentemente, são pessoas querendo saber como foi a operação que meu pai foi submetido hoje, se ele está bem, e eu não sabia da operação... e eu não sei o que falar, não sei como ele está... como eu estou... mas ninguém nunca realmente quis saber de mim... sou só um parâmetro... para a família só mais um intocado...

Saiba que sempre estarei contigo, lendo seu blog, que quero que me mande mails, mensagens no icq, que possamos sair para um cinema ou sei lá o que... mas, agora, não sei quando vou conseguir sair do meu quarto, tirar a cabeça do meu travesseiro, andar em meu carro, olhar para alguém ou observar as estrelas...

Felicidades... Beijos e Abraços,

... e mão gelada...

Frê.

OBS.: E você acha que não sentia ciúmes de seus amigos...?

(20/11/2003 - 10:30 p.m.)


Música do dia: "Para ver as meninas" - Marisa Monte.
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