terça-feira, janeiro 20, 2004
AMU SP...
Só quem vive aqui, aspira 25% de poluição e perde mais de meia hora para ir a qualquer lugar sabe o que estou falando... Nós, os paulistanos, somos seres estranhos... dizemos que em nossa fala não há sotaque e, para isso, lançamos explicações de milhares de coisas e fatores históricos: a miscigenação, a variedade de povos, o café, a poluição... Maluf. Enchendo nosso peito ao dizer todas.
Ser paulistano é estar no carro, meio a milhares de outros carros, e pensar não é visto (Exceto se você tem um Suzuki.), ler o jornal, rir e falar sozinho, limpar o nariz, passar batom (Utilizando o retrovisor, claro!), comer, beber, cantar, falar ao celular... É estar com a janela aberta e dizer para qualquer pessoa que se aproximar dela: "Não, obrigado, não tenho nada hoje!", levantando uma das mãos e fechar a janela em seguida... e fazer isso praticamente por instinto:
* Para vendedores ambulantes:
- Não, obrigado, não tenho nada hoje!
* Para entregadores de panfletos:
- Não, obrigado, não tenho nada hoje!
* Para o guardinha da CET:
- Não, obrigado, não tenho nada hoje!
* Para a moça da guarita do estacionamento:
- Não, obrigado, não tenho nada hoje!
* Para o trombadinha assaltando no farol:
- Não, obrigado, não tenho nada hoje!
Eh! Frases feitas temos aos milhares... da típica para cumprimentar os vizinhos "Bom dia." e o aceno da cabeça à padrão de saída de qualquer elevador, "Obrigado.".
É você odiar descer a oze, o Largo Treze, a 25, o Largo da Batata, porque tem muita gente, mas não deixar de ir lá para comprar as coisas mais barato... É acreditar que, algum dia, os ambulantes não estarão mais na rua, que as linhas de metrô passarão perto da sua casa, que o ônibus vai ser mais vazio e rápido...
É sonhar com a USP quando adolescente, procurar um emprego para pagar uma facul particular quando jovem e sonhar ir para o interior quando velho... É achar a cidade cheia demais, suja demais, feia demais e não se ver fora dela.
É estar viajando e reclamar quando vê o chão limpo, o ar limpo, a água limpa, a praia limpa,... reclamar do sol forte, da padaria fechada em um domingo de tarde, da pizza de calabreza com apenas algumas rodelas sobre a muzzarela, de não ter nada para fazer durante a noite e bendizer São Paulo por isso... É sentir falta do trânsito, das filas, do shopping, dos restaurantes...
Sabiam que um dos menores índices de câncer de pele está aqui?! Será a garoa e as nuvens que permanecem dias sobre nossas cabeças? Será a poluição formando uma camada protetora?! Será a consciência do povo em utilizar bloqueador solar, sombrinha, boné/chapéu? Serão os prédios barrando o sol?
Perguntas que serão respondidas?
Coisas que mostramos aos turistas?
* O metrô... Mesmo se nunca antes tivessemos andado nele, mostramos desenvoltura, dizemos ser "Mais civilizado que o Nova York" e soltamos o básico "Nunca sei para que lado fica Santana/Tucuruvi ou Jabaquara" quando nos atrapalhamos.
* Os museus... Ao menos o MAM por fora...
* O Ibirapuera... e aproveitamos para mostrar o MAM e a Bienal (Por fora.).
* Um Shopping... É nossa praia mesmo! E ao menos um!
* Ir ao cinema... de preferência cinemark.
* O sambódromo... Não sei o quê? mas já vi gente mostrando!
* O Pacaembú, o Morumbi, o Parque Antártica... Eita! Estes programas futebolísticos estão fora do meu roteiro.
* O centro, a 25, o caos do trânsito e o minhocão... Cotidiano nosso.
* A noite, as coisas da noite e sua diversidade.... YEH! Balada!
* A praça do Pôr-do-Sol, a USP, a Paulista, todas as pontes e ligações bairro-centro que existem nas marginais Tietê e Pinheiros!... Dando mais ênfase às qualidades da marginal Pinheiros, claro!
Ser paulistano é ver as decorações de natal no final do ano, é descer para o litoral o ano-novo (Só para ter a sensação que São Paulo toda te acompanha.), é assistir ao carnaval na tevê, é conhecer (Ao menos em teoria.) quatro lugares de balada, três shoppings, duas estações de metrô, a Catedral da Sé, o Ibirapuera, saber o nome de trê bairros chiquês, duas marcas de roupa da moda... É se virar para comer no centro ou em qualquer outro bairro, nem que tenha que gritar ao vento a velha e conhecida frase: "Onde fica o Mc mais perto?"...
É ver as pessoas de outras cidades se assustarem em saber que você perde mais de meia hora para chegar no seu trabalho/estudo e ver elas ficando mais espantadas ainda quando você diz "são 12 Km..." numa normalidade quase perversa, que te faz esboçar um sorriso...
É sonha com as casa do Morumba, com os apartamentos de Moema, com os sobradinhos da Vila Madalena, com as casinhas (Com grandes terrenos) das proximidades do Villa Lobos...
É amar shopping e odiar ter que ir a um.
É adorar carro e odiar pegar trânsito.
É frequentar um restaurante e reclamar da conta, do atendimento, da qualidade...
É isso aí... colocaria o símbolo oficial dos 450 ano mas não gostei das normas de utilização... coloquei uma coisa gratuita, a nossa bandeira, esquecida e mal-amada... não para mim!
Paulistano!
Aliás, acho ela mais bonitinha!
Até.
Marcadores:
amor,
Aniversário de Sampa,
Artigos,
Cidade,
Fred,
minha cidade
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário