Engraçado como coisas estranhas acontecem conosco. Ontem,por exemplo, sai de casa, subi a rua em direção ao ponto de ônibus (para variar o sinal de pedestres abriu só em me aproximar dele [acho que é poder da mente ou Murph mesmo]) e caminhava para o ponto distraído quando avistei um vulto, olhei e era o meu ônibus indo para o ponto. Fiz aquela corrida básica atrás dele (que, aliás, não o fazia à tempo) e esbaforidamente entrei pedindo desculpas ao motorista por socar a lataria do digníssimo objeto de trabalho dele em sua ameaça em me deixar para trás.
Até aí tudo bem, continuei a viagem, estava no ônibus indo para o metrô Vila Madalena quando entrou um mendigo, ele pediu ao cobrador para passar sob a catraca, o cobrador se manteve estático e calado (como durante toda a viagem.). O mendigo passou sob a roleta e foi para o fundo, que estava vazio. Aí a coisa ficou estranha. O mendigo começou a gritar e falar um monte de palavrões, o pessoal no ônibus (o pouco pessoal) ficava olhando para o fundo com medo e o mudo o cobrador não falava nada. Entretanto, ao final tudo ocorreu bem e o mendigo foi embora... desci no meu ponto e fui pegar o "Vila Madalena - Rio Pequeno", entrei no ônibus e avistei o único lugar vazio (no último banco), sentei entre uma menininha de uns seis anos que não parava de falar e um carinha que estava lendo uma bíblia, pensei:
- Putz! Tou frito!
O ônibus saiu do ponto final (ou inicial, depende do referencial.), na estação Vila Madalena e fez o retorno para subir a Heitor Penteado. A menininha falava insistentemente, o carinha fechou a blíbia e abriu a mochila para guardá-la. Já, eu, olhava para a janela admirando o sol e o crepúsculo (Aliás, fazia tempo que eu não admirava o pôr-do-sol). Até que, de repente, o garoto me chamou:
- Me desculpa, posso te fazer um convite?
(Putz! - Pensei - sabia que era um Cristão da USP!)
- Pode - eu disse.
- Eu sou de um grupo de jovens que estuda a bíblia, nós nos reunimos todas as quartas-feiras nas História, às 18:30, você costuma ler a bíblia?
Eu, pensando em despistar ele logo, disse:
- Sim, leio todos os dias.
- Isso é muito bom, a bíblia nos dá uma base muito boa de como vivermos.
- É - concordei (DUH!).
- Eu vou te deixar o meu cartão, qual é o seu nome?
- Frederico. (Droga!)
- Então, Fred. Posso te chamar de Fred?
(Droga! Odeio gente que já quer ser seu amigo logo de cara.)
- Pode. (Droga!)
- Então, eu vou te deixar meu cartão, meu nome é Jair, se você quiser aparecer lá é só me ligar, ou estar lá às 18:30, na História.
(Ah! Tá bom que eu vou!)
- Tudo bem, eu apareço.
- Você faz que curso?
(Pow! é interrogatório?)
- Faço Física. (Droga!)
- Ah! Eu também faço física! Nunca ví você lá antes. Você é do bacharelado?
- Sou. (DOGA!!!!)
- Que área você pretende seguir depois?
- Ainda não pensei nisso!
Ainda bem que depois ele se tocou e eu pude seguir minha viagem em paz. Exceto pela menina que não parava de falar.
O engraçado é que, desde o primeiro ano eu não era abordado por um cristão da USP.
(Dia estranho!)
terça-feira, junho 11, 2002
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