quinta-feira, dezembro 08, 2005

Desejo...


Tenho o desejo de um amor tranqüilo
Como uma amizade de ano, sem segredos
(ou com poucos e dispensáveis de/ao conhecimento),
Com aquela compreensão boba, quase catatônica,
De mãe assistindo novela
Enquanto a gente anuncia algo escondido (ou que se deseja)...

Um companheirismo disforme, inconstante,
De discussões seguidas por mãos seguradas no caminhar,
Por cabeça no ombro durante o cinema,
Por sorrisos e conchinha entes de dormir...

Um sonoro "oi", ao telefone
(umas três vezes por semana apenas),
Seguido dos lamentos sobre os problemas do trabalho,
As ocorrências hilárias com os amigos,
As falas de saudades (quase cancerianas)
E os mil beijos ao desligar...

Um prazerzinho bom
... Como a punheta gostosa
Naquela ereção matutina junto com a vontade de mijar,
Um café cheiroso e a manteiga derretendo ao tocar o pão...

Uma visão macia
Como alisar um rosto que se gosta e se quer bem,
Como beijar uma boca "de leve", atiçando a libido
E apoiar a mão sobre o antebraço gostoso...
... Subir ao ombro e descer, com as costas dos dedos,
Pelo peito até o umbigo... Trazendo arrepio...

Uma alegria simples
Como piadas de verão,
Músicas que nos trazem lembranças
Ou reencontrar paixões de infância

Algo que me desviasse a atenção durante o trabalho,
Que valesse a pena espalhar...
Que fosse o carisma, a singeleza, a alegria e o sexo em pessoa...
Pois sei que posso corresponder a isso em nível e grau!

Alguém que fosse chama, sem cobrança
Que fosse ação, sem ser uma lista de tarefas
Que fosse sugestões lacônicas aceitas entre sorrisos dúbios
Palpites bem dado...
Ouvinte paciente e compreensão
... Como um amor de verão!

Pois sei que é isso que posso dar...
... E quando acabasse o amor,
Se acabar um dia (como todo amor de verão),
Nos encontraremos numa outra praia,
N'outro dia de verão...
... Bem mais tarde...
... E, talvez, mataremos saudades,
Talvez nos fazermos ciúmes ou de cegos,
Talvez riremos de nós mesmos,
Talvez caminhemos na areia,
Cantaremos vitórias
Choraremos derrotas... Seremos amigos
Cataremos conchas, mostraremos os filhos
Alimentaremos cachorros... Ou gatos...
Nos despediremos, talvez,
Mais uma vez
Talvez prometendo outro encontro, boa tarde, boa noite/dia...

Um amor simples que pudesse, talvez,
Durar até grisalharem os cabelos
A aposentadoria chegar
E este próprio amor
Virar amizade de anos...
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