Teresina, 20 de março de 2006.
"A senhora pode pegar o vôo das 22:20 para Fortaleza, lá a senhora pegaria o vôo das 3:20 para Brasília, depois chega em São Paulo às 6:00 da manhã..."
"Nossa... coitada da moça!" - expressão de pena de um dos passageiros que tentava "ajeitar", como outros, a situação, já que estamos à SEIS HORAS presos no aeroporto, depois de uma pane no trem de pouso do avião.
Este é o problema de um país com poucas opções de vôo, cujo transporte aéreo não é levado à popularização e cujo crescimento econômico não é "distribuido" às classes menos favorecidas!
Este post continua...
Agora espero o AIRBUS A320 da TAM, que está vindo de Brasília para nos pegar, chegar.
...
Avião, vôo atrasado, noite, pessoas apressadas para embarcar, lugares numerados, soletrados... na pressa, não reparam que o avião que a companhia manda para saciar a vontade de chegar a um destino (naquele mesmo dia) daqueles passageiros é recém-chegado da revisão...
- Tripulação... portas em automático...
O som do motor "partindo", o torque aplicado às pás da turbina, o querosene fluindo nos dutos, das asas à injeção, ... e o toque do "apertem os cintos", junto com o apagar total das luzes (Será só uma falha?!)... simplesmente, folheando minha revista de bordo, tateio, meio à completa escuridão da aeronave, pelo botão da luz de leitura... sem querer aciono a luz de comissaria, olho para trás para pedir desculpas ao comissário que, atado ao banco, se estica para ver de onde vem o pedido...
Naquela aeronave escura, ouvindo The Corrs, observando o balisamento passar pela janela, com as luzes de "atar cintos" e "não fume" acesas, tenho, pela primeira vez, o pensamento que morrer pode ser triste...
Imagine o avião com os motores ao máximo... a pista passando cada vez mais rápido, o bico subindo... a ponta das asas envergando, partindo à pressão do ar, do vento... a cidade lá embaixo ficando mais próxima, o combustível incendiando, máscaras caindo e gritos... mas é um pensamento... só!
...
Enfim no avião... serviço de bordo e música... velocidade alta e a vontade de um banho quente aumentando...
Estou desde às 6:30 a.m. em pé... durmi duas horas e meia (Sem contar as três acordadas durante estas horas de sono.)... não tomei café, os minutos que eram para isso eu utilizei para arrumar minha mala.
Cedo pegamos o carro com destino à Teresina, um caminho novo, de 300 km. Até a divisa CE/PI havia asfalto bom, depois só areia e terra numa trilha sinuosa que me deixou enjoado... acabei parando no caminho para comprar uma batata (tipo rufles) e comer!
Na parte da tarde já é conhecido por vocês!...
Continua...
Já são 1:35 e eu acabei de voltar da janta, todo mundo do vôo estava lá...
Brasília já é uma cidade que considero morta,... às 1:00 da manhã de uma terça-feira fica mais ainda!... E nós lá! No restaurante, 1º andar, vista do eixo monumental, a sensação de sermos sobreviventes de algo estranho, estar em uma cidade grande mas sozinhos, cúmplices de experiências que somente nós sabemos, segredos e a vontade de extravasá-los... de torná-los públicos.
...
Este post continua, no dia seguinte...
Até,
domingo, março 26, 2006
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